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Túnel Santos-Guarujá: portuguesa Mota-Engil vence leilão e deve construir primeira travessia submersa do Brasil

O dia de hoje deve entrar para a história do país — especialmente para os brasileiros da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, que há mais de 100 anos aguardavam uma solução para ligar os municípios de Santos e Guarujá.

Finalmente, nesta sexta-feira (5), aconteceu o leilão para a concessão do Túnel Santos-Guarujá, a primeira travessia submersa do Brasil. A vencedora do pleito foi a portuguesa Mota-Engil, que tem participação acionária da gigante chinesa China Communications Construction Company (CCCC) e assinou recentemente um contrato com a Petrobras para execução de serviços dos sistemas submarinos de plataformas offshore.

A concessionária portuguesa ficará responsável pela construção, operação e manutenção da infraestrutura pelo prazo de 30 anos. A empresa ficará com o valor do pedágio e com as contraprestações públicas anuais pagas pelos governos federal e estadual.

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o túnel deve contar com aporte público de até R$ 5,14 bilhões, divididos entre o governo estadual e o governo federal, além de recursos da iniciativa privada.

No entanto, ainda será preciso esperar um bom tempo: o início das obras deve acontecer no próximo ano e a previsão é de que tudo seja entregue em 2028.

A relevância do projeto é tamanha que seu avanço conseguiu reunir no mesmo palco dois rivais políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O episódio aconteceu no final de fevereiro, no lançamento do edital do leilão.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no lançamento do edital do pleito

O que está em jogo no Túnel Santos-Guarujá

A obra faz parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e é a maior obra de infraestrutura urbana do programa.

O empreendimento terá 1,5 quilômetro de extensão, sendo 870 metros imersos. O projeto deve ter três faixas em cada sentido — uma delas adaptada para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de ciclovia, passagem para pedestres e galeria de serviços.

A construção do túnel deve reduzir o tempo da travessia para cerca de dois minutos, resolvendo um problema histórico de mobilidade entre o Guarujá, que é uma ilha, e Santos, que fica no continente. 

Atualmente, há dois principais modos de travessia: o trajeto de 43 km via Rodovia Cônego Domênico Rangoni, utilizado por veículos comerciais, com tempo médio de 60 minutos, e o sistema de balsas e barcas, usado por pedestres, ciclistas e veículos leves, com tempos de travessia que variam de 18 a 60 minutos, dependendo das condições operacionais do porto. 

Esses tempos podem subir muito, por exemplo, na temporada de verão, devido a congestionamentos na rodovia ou fila de acesso à balsa.

Além de melhorar a travessia em si, espera-se que o desenvolvimento do túnel também impacte a capacidade do Porto de Santos, o maior terminal portuário da América Latina, que enfrenta congestionamentos frequentes.

O projeto já conta com licença ambiental prévia da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), emitida em agosto de 2025.

Por que as brasileiras ficaram de fora

Construtoras nacionais que estudavam o projeto, como Odebrecht, Álya (antiga Queiroz Galvão) e Andrade Gutierrez, acabaram desistindo de entrar na disputa.

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o motivo seria falta de fôlego financeiro para competir com os grupos estrangeiros.

Também segundo apuração da Folha de S.Paulo, pesaram as condições financeiras — incluindo a impossibilidade de conseguir o financiamento necessário para a obra ou de apresentar as garantias pedidas pelo BNDES, bem como a conjuntura econômica e o cenário de juros altos.

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Francisco Gomes

Blog sobre finanças pessoais, investimentos, renda extra, ações, Tesouro Direto e FIIs. Escritor e investidor com foco em expansão internacional

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