“Good and evil we know in the field of this world
grow up together almost inseparably”.
John Milton, Paradise Lost
O mês de agosto, cachorro louco, acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco, com o Ibovespa subindo 6%.
Durante esse improviso em oitava maior, o foco antagonista de Trump parece ter mudado do Brasil para a Índia, e tivemos assim um breve (?) intervalo de paz.
Para setembro, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse. Qual nível? Não se sabe.
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No front internacional, continuamos a colecionar motivos para um enfraquecimento estrutural do dólar, baseado na quebra de confiança no sistema político-econômico americano.
No front doméstico, como derivada desse abalo internacional, estamos prestes a calcular os ativos e passivos associados ao julgamento de Bolsonaro.
A depender do tipo e do tamanho das sanções, não temos dúvidas de que setembro poderá roubar ao menos parte dos ganhos auferidos em agosto.
No entanto, é importante colocar também algumas ponderações sobre a mesa, já que (teoricamente) o mundo não acaba em setembro.
Setembro pode acabar bem
Em primeiro lugar, há uma chance não desprezível de as sanções de Trump “contra o Brasil” visarem alvos mais intrínsecos do que sistêmicos. Ainda que o estresse sempre assuma amplitudes gerais, a maioria das sanções implementadas até o momento foi muito mais ao estilo de tiros de sniper do que de bombas nucleares.
Em segundo lugar, já pudemos perceber estatisticamente que os repiques de popularidade de Lula a partir do discurso anti-Trump possuem vida curta. O presidente dificilmente conseguirá arrastar esse carrego positivo até as vésperas das eleições, e o carrego pode inclusive virar para o negativo.
Em terceiro lugar, mediante visão um pouco mais otimista e longo prazista, podemos estar diante da seguinte combinação: Clã Bolsonaro gasta sua última cartada em prol da anistia condicionada do Jair, caem as sanções de cunho um pouco mais sistêmico (exemplos tarifas), direita e centro se unem em torno de Tarcísio, e finalmente reunimos as condições para o prelúdio de um bull market secular.
Por fim, em quarto lugar, devemos tentar escapar à visão limitada do WYSIATI, reconhecendo que coisas boas podem acontecer enquanto coisas ruins acontecem. They do grow up together almost inseparably.
Vale lembrar que um novo ciclo de queda de juros, um novo ciclo eleitoral e o benefício de um dólar mais fraco sobre os emergentes também são tônicas dos tempos atuais.
Setembro vai ser tão ruim, tão ruim, que pode até ter uma chance de acabar bem.
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