
Parece que até mesmo as comodidades mais básicas em viagens aéreas agora têm um preço. A criação de tarifas ultra-básicas que restringem o direito à bagagem de mão tradicional é só um dos exemplos. Adotadas por companhias aéreas como Latam e Gol, elas geraram movimentação no Congresso Nacional recentemente.
Mas há ainda outras: neste mês, a AirAdvisor, plataforma global de apoio aos consumidores do setor aéreo, divulgou uma lista que revela as 10 cobranças mais polêmicas e onerosas impostas pelas companhias aéreas em 2025.
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O levantamento, que inclui companhias europeias e da América do Norte, mostra justamente como diversas ofertas que antes eram consideradas básicas passaram a ser cobradas à parte. Consequentemente, há o aumento significativo do custo final das passagens.
Direitos protegidos
De acordo com o CEO e fundador da AirAdvisor, Anton Radchenko, o resultado é um cenário em que o valor inicialmente apresentado raramente corresponde ao preço real do voo. “Serviços que antes eram parte essencial da experiência de voo foram convertidos em extras pagos, e o preço anunciado raramente reflete o que o passageiro vai realmente gastar.”
Diante deste contexto, o executivo alerta que, por detrás destas cobranças, há um lembrete importante em relação aos direitos dos passageiros aéreos: “Eles precisam conhecer cada vez mais os seus direitos e os fazer valer”.
Globalmente, ele pontua as normas EU261, UK261 e o tratado internacional Convenção de Montreal que garantem “compensações significativas em caso de atrasos superiores a três horas, cancelamentos ou problemas com bagagem”, esclarece. Dependendo da situação, os viajantes podem ter direito a indenizações entre 250 e 600 euros (R$ 1.565 e R$ 3.756), refeições, alojamento e remarcações gratuitas.
- No Brasil, vale destacar a Resolução nº 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), publicada em 13 de dezembro de 2016, que estabelece direitos específicos dos passageiros em casos de atrasos de voos, cancelamentos e problemas com bagagem, por exemplo. Além disso, o Código de Defesa do Consumidor também é uma proteção.
Confira, a seguir, as cobranças mais polêmicas e onerosas impostas pelas companhias aéreas em 2025, compiladas pela AirAdvisor.
A taxa mais polêmica: WestJet cobra para reclinar os assentos
Em 1º lugar no ranking, ficou a companhia aérea canadense de baixo custo WestJet. Neste mês, a empresa implementou uma mudança controversa nas aeronaves Boeing 737 MAX e 737-800: a eliminação da inclinação da maioria dos assentos da classe econômica de 43 aviões destes tipos.
Apenas passageiros que pagarem extra pelas categorias Extended Comfort ou Premium terão direito a assentos reclináveis.Como aponta a AirAdvisor, o que costumava ser um conforto padrão acaba se tornando uma restrição mediante a pagamento..
De acordo com a empresa, a primeira aeronave remodelada entrou em operação neste mês. Além disso, a previsão de conclusão de todas as adaptações é para o início de 2026.
Preços para bagagem de mão simples, lugar do meio vazio e check-in no aeroporto
As tarifas da categoria Econômica Básica da United ficaram na 2ª posição entre as mais abusivas. Elas podem parecer baratas, mas, como esperado, têm um porém: bagagens de mão tradicionais, que vão no compartimento superior, não são permitidas.
Os passageiros que estiverem com este tipo de mala devem despachá-la no portão de embarque. Além disso, precisam pagar uma taxa de manuseamento adicional de cerca de US$ 25 (em torno de R$ 134) por trajeto.

No 3º lugar, a AirAdvisor aponta companhias aéreas que cobram para manter o lugar do meio vazio. A Eurowings e a Lufthansa, por exemplo, oferecem a opção de “vizinho livre” (na tradução livre do inglês). Já a Frontier faz o mesmo mediante a compra da opção UpFront Plus.
Em 4º, a plataforma indica a cobrança por operadoras como Ryanair e Wizz Air para fazer o check-in no balcão. Isso caso o passageiro tenha esquecido de fazer online. Esse serviço pode custar até 55 euros (em torno de R$ 344). Para reimprimir o seu cartão de embarque, o valor é de 20 euros (cerca de R$ 125).
A AirAdvisor pontua ainda que, embora a Ryanair tenha prometido reduzir a taxa de reimpressão até ao final de 2025, a multa por check-in continua a ser um dos exemplos mais infames de “preços punitivos” na aviação.
Sem lugares juntos garantidos, alterações de nome e escolha de assentos pagos
Em 5º lugar, está a cobrança para sentar próximo da família. Segundo a plataforma, na Ryanair, novamente, um adulto deve comprar um lugar reservado para garantir que se sentem juntos. Só assim, até quatro crianças podem sentar-se lado a lado sem custos adicionais. De acordo com o portal Melhores Destinos, a Delta Air Lines e United Airlines são outros exemplos de companhias que fazem essa cobrança.

Na 6ª posição, ficaram as taxas de alteração de nome nas passagens. A Ryanair cobra até 160 euros (em torno de R$ 1.001) por uma correção feita por um agente. Já na easyJet, só não é feita cobrança se o erro for pequeno (três caracteres ou menos).
Na 7ª colocação, estão cobranças para evitar o lugar do meio em uma fileira. Nas tarifas Básicas da British Airways, escolher o assento antes do check-in para evitar esta temida posição pode custar mais. De acordo com a AirAdvisor, a easyJet segue um modelo semelhante, com os preços da seleção de assentos variando por localização e espaço para as pernas.
Segurança e conveniência básica como extras
Em 8º lugar, a plataforma ranqueia a cobrança pelo acesso Fast Track, serviço que permite passar pelos processos de segurança e/ou imigração de forma mais rápida, por meio de filas exclusivas e prioritárias. Segundo a AirAdvisor, antes isso costumava ser cortesia do aeroporto, mas agora é um upsell da companhia aérea.
Empresas como, novamente, a Ryanair, comercializam este acesso de modo complementar. Já os aeroportos de Dublin, na Irlanda, e Manchester, na Inglaterra, por exemplo, o vendem diretamente aos viajantes.
Na 9º posição, ficaram as taxas de reserva por telefone. Segundo o portal Travel Noire, companhias como a Spirit Airlines e a Frontier Airlines cobram US$ 35 (cerca de R$ 188).

Por fim, na 10º colocação, a AirAdvisor destacou as cobranças de Segundo Assento para passageiros grandes ou obesos. De acordo com a plataforma, companhias aéreas como a United, a American Airlines e a Southwest, exigem que os passageiros de maior porte comprem um assento adicional, caso não consigam acomodar-se “em segurança e conforto” num assento padrão com os apoios de braços para baixo.
A Southwest, indica a AirAdvisor, passou a reembolsar o custo após o voo, depois de críticas públicas.
As tarifas implementadas pelas companhias brasileiras
A Latam foi a primeira companhia a anunciar a tarifa Basic sem bagagem de mão para voos internacionais saindo do Brasil. Segundo o G1, a companhia iniciou essa prática em outubro de 2024. As diretrizes permitem apenas um item pessoal de até 10 kg com dimensões máximas de 45 cm x 35 cm x 20 cm. Além disso, o pertence deve ser acomodado embaixo do assento à frente.

A Gol, por sua vez, começou a comercializar a tarifa Basic no dia 14 de outubro de 2025, e tem as mesmas regras, só diferindo um pouco nas dimensões da bagagem. De acordo com a Viagem e Turismo, essa tarifa passou a valer inicialmente para voos internacionais com origem fora do Brasil e, no território nacional, apenas na rota entre o Aeroporto do Galeão (Rio de Janeiro) e Montevidéu (Uruguai).
Essa prática, de acordo com a CNN, foi vista como abusiva por parlamentares, entidades de defesa do consumidor e passageiros.
A resposta do Congresso Nacional
No dia 22 de outubro de 2025, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou por unanimidade (15 votos favoráveis) o Projeto de Lei 120/2020, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). O PL proíbe a cobrança de bagagem de mão em voos nacionais e internacionais.
O texto garante aos passageiros o direito de transportar gratuitamente até 10 kg de bagagem de mão, com dimensões padronizadas, sem risco de cobrança adicional pelas companhias aéreas.
No dia anterior (21), a Câmara dos Deputados havia aprovado urgência para o Projeto de Lei 5041/2025, de autoria do deputado Da Vitória (PP-ES), que trata do mesmo tema.
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