Falta pouco tempo para o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic. Mais especificamente, na estimativa do BTG Pactual, o afrouxamento monetário no Brasil deve começar no início do ano que vem. As reduções podem somar até 300 pontos-base ao longo do ano.
Para o banco, os dados econômicos têm sinalizado que está acontecendo uma desaceleração gradual na atividade econômica.
Os principais indicadores de que vão ocorrer cortes de juros são:
- A deterioração das condições de crédito;
- O alto endividamento das famílias;
- Pequenos sinais de piora na inflação; e
- O Federal Reserve, nos Estados Unidos, que está mais inclinado a adotar políticas monetárias expansionistas. Isso pode influenciar o Banco Central brasileiro a fazer o mesmo.
Quem vai celebrar o ciclo de cortes na Selic?
De acordo com o BTG, quem sai ganhando nessa história de corte de juros são as empresas com dívidas atreladas à Selic, que ficarão menores. As companhias mais endividadas (com alavancagem alta) e margens líquidas reduzidas são as que mais podem comemorar em períodos de cortes.
O banco revela, em seu relatório, que 31% da dívida das empresas analisadas pelo BTG está indexada à Selic. Em 2024, eram 35%.
“Empresas domésticas tendem a ter uma maior parcela da dívida indexada à Selic (47%)”, afirmam os analistas.
Já as exportadoras de commodities, por outro lado, “estão mais expostas à dívida em dólar e mais sensíveis à dinâmica macro global — como os preços do Brent, no caso de petróleo e gás — do que à volatilidade das taxas domésticas”, afirmam os analistas.
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Varejistas e construtoras têm mais chance de se animar
Setores como varejo, com 78% da dívida atrelada à Selic, e construtoras voltadas para clientes de médio e alto padrão podem ter bons resultados com a queda na Selic, na visão do BTG. Afinal, quando as taxas estão menores, a capacidade de crédito e o poder de compra do consumidor aumentam, impulsionando vendas e receita.
O destaque atual no varejo é o Assaí (ASAI3), cuja alavancagem está em 3,5x Dívida Líquida/EBITDA (2T25). Toda a sua dívida bruta, de aproximadamente R$ 16 bilhões, está atrelada à Selic.
Já no ciclo de cortes de juros em 2016, por exemplo, as varejistas que mais valorizaram foram:
- Natura (NATU3), com alta de 145%;
- RD Saúde, antiga Raia Drogasil (RADL3), com alta de 67%;
- Lojas Renner (LREN3), com alta de 163%; e
- Magazine Luiza (MGLU3), com alta de +3.289%.
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Entre as construtoras, Cyrela, dona do ticker CYRE3, (+221%) e Eztec, ou EZTC3, (+372%) se destacaram no período.
Outros setores convidados para a festa
Operadoras de shopping centers também são impactadas positivamente por cortes de juros, pois juros mais baixos tendem a estimular o consumo.
Empresas de logística e aluguel de veículos com alta alavancagem e dívida vinculada à Selic também podem se beneficiar, como Movida (MOVI3), Vamos (VAMO3) e JSL (JSLG3).
Quem fica de fora?
As empresas que costumam ter um desempenho melhor quando a Selic está alta ou aumenta são:
- Bancos e seguradoras;
- Companhias com caixa líquido, ou seja, com mais recursos em caixa do que dívidas.
Essas empresas terão menor receita financeira se as taxas de curto prazo caírem, porque o retorno dos investimentos feito com os recursos excedentes diminui. O caixa das empresas em geral fica aplicado em investimentos remunerados pela Selic ou pelo CDI.
Esse é o caso de muitas empresas de tecnologia, como Totvs (TOTS3), Intelbras (INTB3) e Locaweb (LWSA3), além de grandes companhias como WEG (WEGE3), Ambev (ABEV3), B3 (B3SA3) e Cury (CURY3).
E o Ibovespa?
Historicamente, as quedas na Selic estão associadas à valorização do Ibovespa, especialmente em setores específicos.
Durante os ciclos de afrouxamento de 2011 e 2016, o índice, sem considerar Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), registrou altas de 31% e 73%, respectivamente.
“Embora esses ciclos mostrem alguma correlação entre taxas Selic mais baixas e desempenho mais forte do índice, o efeito tende a ser mais pronunciado no nível setorial”, diz o relatório do BTG.
Além disso, taxas menores globalmente tendem a atrair investidores estrangeiros para as bolsas de países emergentes, ampliando a demanda por ações brasileiras.
*Com informações do Money Times.
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