Dados da indústria brasileira divulgados na quarta-feira (4) acenderam um alerta para o setor de cervejas. Segundo o IBGE, a produção industrial de bebidas — da qual 90% é cerveja — caiu 15% em julho em base anual e 5% em termos trimestrais. A publicação fez as ações da Ambev (ABEV3) caírem cerca de 3% ontem. Hoje, os papéis se recuperaram e subiram 2,18%.
Em relatório, o time do BTG Pactual lembra que o primeiro semestre de 2025 foi marcado pelo aumento dos preços das cervejas, tanto da Ambev quanto da Heineken, as duas maiores empresas do segmento que atuam no mercado brasileiro.
“Não podemos ignorar o quanto nos incomodou a estratégia de preços do setor, liderada pela Ambev. A decisão de aumentar os preços no segundo trimestre (a primeira vez nesse intervalo desde 2012), seguida pela Heineken em julho, nos pareceu um timing estranho”, diz o time de analistas liderado por Thiago Duarte.
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Litrão mais caro e tempo ruim derrubam volumes de vendas
Pelo fato de o segundo trimestre ser, usualmente, mais frio, as empresas de bebidas normalmente evitam repassar preços no período, já que as vendas tendem a cair naturalmente. O aumento, então, impulsionou ainda mais um efeito já visto pela sazonalidade.
“O clima em julho não foi particularmente favorável. Ainda assim, uma contração ainda mais acentuada surpreendeu, e acreditamos que há mais por trás disso do que apenas temperaturas frias”, dizem os analistas do BTG.
Além dos preços e do frio, o banco também menciona que a desaceleração da economia brasileira começa a dar sinais e a impactar as vendas. Tudo isso deve pressionar ainda mais a Ambev quanto à estratégia de preços.
Com Heineken e Petrópolis perseguindo a Ambev em aumento de volumes, o BTG enxerga uma possível pressão de margens à frente pelo lado competitivo, combinada com mais gastos com matéria-prima e com o já visto recuo de volumes.
Dificuldade com rivais
O Bradesco BBI e o Safra seguem a mesma linha. Eles indicam que, apesar de as companhias do setor terem se recuperado da aceleração da inflação, o espaço para novos aumentos deve ser “significativamente limitado”.
“Além de um cenário desafiador para a indústria como um todo, ainda vemos um ambiente altamente competitivo aumentando a pressão sobre a Ambev”, diz o time do Safra.
O BBI também aponta que a Heineken vem dando sinais de comprometimento na competição pelo mercado brasileiro, com a inauguração, por exemplo, da nova cervejaria de Passos.
Já o Goldman Sachs menciona que a cervejaria também enfrenta uma tendência de mudança de padrões de consumo, enxergando o recuo como estrutural. Pesquisas vêm mostrando que as gerações mais novas estão adotando estilos de vida mais saudáveis, evitando o consumo de álcool.
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O BTG está neutro para as ações da Ambev, assim como o Bradesco BBI e o Safra, com preços-alvos de R$ 15, R$ 13 e R$ 14,50, respectivamente. Já o Goldman Sachs tem recomendação de venda, com alvo em R$ 11,7.
*Com informações do Money Times
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