Se o telefone da Casa Branca tocasse neste domingo (3), Donald Trump ouviria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Temos tamanho, temos postura, temos interesses econômicos e políticos para negociar”.
Na sexta-feira (1), o republicano se mostrou aberto a receber uma ligação telefônica do petista. “Ele pode falar comigo a qualquer momento”, afirmou Trump, na ocasião, acrescentando: “Vamos ver o que acontece com o Brasil. Eu amo as pessoas de lá”.
Dias antes, o presidente norte-americano havia assinado o decreto com as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. O documento, no entanto, trouxe centenas de exceções e ainda adiou a entrada em vigor da taxação, prevista para o dia 1 de agosto, em sete dias.
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Logo depois que Trump disse que atenderia Lula, o petista não demorou a ir nas redes sociais para responder.
“Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, disse.
Mas neste domingo (3), em meio às manifestações em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula falou mais sobre o caso das tarifas contra o Brasil.
“Brasil não é tão dependente dos EUA“
Lula disse que atualmente o Brasil hoje não é tão dependente quanto já foi dos EUA, mas afirmou que as propostas do governo brasileiro já foram apresentadas e que seguem sobre a mesa.
“O Brasil tem uma relação comercial muito ampla, no mundo inteiro. A gente está muito mais tranquilo do ponto de vista econômico, mas obviamente não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os EUA”, disse ele durante discurso no 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília.
O petista classificou como “inaceitável” o governo norte-americano usar uma justificativa política — a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro — como um dos motivos para tarifar os produtos brasileiros.
Ele disse que o Brasil quer negociar em igualdade de condições com os EUA e que o Brasil “não é uma republiqueta”.
“Ele quer a volta da negociação país por país. País pequeno negociar com os EUA é como trabalhador de uma fábrica de 80 mil trabalhadores negociar sozinho com o patrão. O acordo é leonino, não vai ganhar nada”, afirmou.
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Lula também fala do dólar — e Trump não vai gostar
Muitos especialistas dizem que a relação entre Brasil e EUA azedou depois que o Brics (grupo de países emergentes liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) defendeu o uso de uma moeda alternativa ao dólar.
O tópico é bastante sensível a Trump que, mesmo antes de tomar posse na Casa Branca, em janeiro deste ano, ameaçou taxar o bloco com tarifas que poderiam chegar a 100% se o dólar não fosse mais usado nas trocas comerciais.
Lula falou neste domingo (3) sobre o dólar. O petista recusou-se a abrir mão da busca pelo uso de moedas alternativas no comércio internacional.
“Não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que possa negociar com outros países. Não preciso ficar subordinado ao dólar. E eu não estou falando isso agora. Em 2004, fizemos isso com a Argentina”, afirmou Lula.
“Eu não estou disposto a brigar com ninguém. Este país é de paz. Quem quiser confusão conosco, pode saber que não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo”, acrescentou.
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