O grande tema da ExpertXP 2025, evento que reúne nomes do mercado financeiro, tem sido a polêmica tarifa de 50% imposta por Donald Trump ao Brasil no início deste mês. Raros foram os painéis que conseguiram fugir do assunto.
E, nesta sexta-feira (25), talvez a voz mais esperada para comentar sobre o assunto fosse a de Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset — que participou de um painel ao lado de Felipe Guerra, da Legacy Capital, e João Landau, da Vista Capital.
Para ele, o ganho político do presidente Lula diante da escalada tarifária de Trump é voo de galinha. Por isso, na expectativa de uma virada à direita nas eleições de 2026, o gestor afirma: “Sem sombra de dúvida, uma estratégia interessante agora é a compra de opções, como as de EWZ [fundo que replica o desempenho do índice MSCI Brasil]”.
Isso porque, segundo ele, diante da volatilidade atual, o prêmio associado ao Brasil está bastante elevado, o que torna a operação atraente.
“O principal desafio de comprar opções é que o mercado pode reduzir a atratividade do ganho potencial. Mas com os preços atuais estão tão baratos que essa estratégia ainda faz sentido, o que é uma coisa que nem sempre ocorre”, disse.
Uma opção é um contrato que dá o direito de comprar ou vender um ativo a um preço fixo no futuro. Nesse caso, o que o gestor quer dizer é que o Brasil está tão barato — precificando tarifas e irresponsabilidade fiscal do governo —, que a compra de opções pode representar uma oportunidade de ganhos significativos no futuro com um novo governo, com mais responsabilidade fiscal.
Além disso, ele complementa que Lula pode até ter saído por cima no curto prazo com a taxação, mas, se o país não conseguir negociar e acabar sendo taxado em 50%, a culpa vai ser inteiramente do petista — e isso favorece as apostas do mercado sobre as eleições do ano que vem.
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As eleições de 2026 no Brasil e as chances de Lula
O otimismo sobre uma alternância de poder no ano que vem foi unanimidade no painel. Para Landau, só existem duas opções: é isso ou o país viraria uma Argentina — na fase antiga.
“Nos dois casos, o ativo que sai ganhando é o juro real. Na minha visão, o melhor ‘time’ do Brasil é o real, mas o maior desafio é evitar investimentos de alto risco, pois a inflação pode aumentar com o governo Lula”, disse.
Além disso, os gestores enxergam um cenário positivo para a bolsa brasileira, considerando a expectativa de queda nos juros.
“Caso isso aconteça, a expectativa é que os cortes sejam rápidos, o que pode beneficiar ativos de risco, com alguns vencedores na bolsa se destacando nesse cenário de juros mais baixos à frente”, afirmou Guerra.
E como ficam os EUA diante das tarifas?
Na visão dos especialistas, a tese do fim do excepcionalismo norte-americano é bastante improvável. “O do governo pode até acabar, mas o das empresas não”, disse Stuhlberger.
O gestor afirma que, até agora, a economia norte-americana — que foi “jurada” até mesmo de recessão — segue firme e forte. “O PIB não sofreu grandes quedas, a inflação deve seguir na faixa dos 3,5% no próximo ano e a força da bolsa é destaque”.
Para o gestor, embora o mercado ainda esteja cauteloso, o cenário de possíveis cortes de juros com o “estilo fiscal de Trump” — mais permissivo com as empresas, com cortes de tributos — deve ajudar a aumentar o lucro das empresas, criando um ambiente positivo para o mercado de ações.
Contudo, a influência do governo sobre o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) e a possível revisão da política monetária seguem como fatores de incerteza, podendo gerar surpresas no curto prazo, na avaliação de Stuhberger.
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